quinta-feira, 28 de julho de 2011

Zero Hora publica perfil de Giselle Hübbe, Miss Brasil DV

28 de julho de 2011 | N° 16775

Geral página 39
BELEZA COROADA

Uma Miss Brasil sem medo de reivindicar

Gaúcha de 21 anos é a mulher com deficiência visual mais bonita do país

A mais bela pessoa com deficiência visual do país abre e fecha portas com segurança, pega ônibus para ir ao trabalho, concluiu o Ensino Médio, gosta de cavalgar e de música eletrônica. A baixa visão imposta desde o nascimento sempre foi um obstáculo, jamais um ponto final aos anseios da porto-alegrense Giselle Hübbe, a primeira Miss DV Brasil (Deficiente Visual).

Aos 21 anos, a gaúcha recebeu coroa, manto e faixa no sábado passado, em Natal, no mesmo dia em que sua conterrânea Priscila Machado venceu o Miss Brasil, em São Paulo.

As duas representam a beleza da mulher gaúcha, comprovada ano após ano em concursos mundo afora.

Morena bem desenhada, dona de 50 quilos distribuídos com equilíbrio em 1m62cm, que oferece sorrisos a todo interlocutor, Giselle nasceu com uma lesão na retina, que a deixou com 7% de visão no olho direito e cerca de 3% no olho esquerdo.

– Enxergo alguma coisa, o que me dá certa independência, mas tenho minhas limitações. Percebo o ônibus chegando, mas não consigo ver o destino – explica a miss, que trabalha diariamente na Associação de Cegos do Rio Grande do Sul (Acergs).


ENTREVISTA

“A coroa me deu voz para batalhar”

Giselle Guimarães Hübbe, Miss DV Brasil

Zero Hora – Como é ser a mulher com deficiência visual mais bela do país?

Giselle Hübbe –
 É mágico. Sempre gostei de concursos de beleza, queria muito ser Garota Verão. Tinha muita vontade de vencer um concurso. Consegui e percebi que a coroa vale muito mais, que me deu voz para batalhar por acessibilidade às pessoas com deficiências. Ser a Miss DV Brasil vai além da beleza.

ZH – Tu tinhas o sonho de vencer um concurso de beleza. Te consideras uma pessoa vaidosa?

Giselle –
 Desde sempre. Gosto de andar bem vestida, de cuidar do meu corpo. Me olho no espelho várias vezes ao dia. Como enxergo alguma coisa, escolho minhas roupas, faço minha maquiagem. Só peço ajuda para ver se não borrei nada, se a roupa está bem passadinha.

ZH – Qual o teu conceito de beleza?

Giselle –
 A gente tem de ver um todo, sentir a energia da pessoa, as expressões, o cheiro, a voz. Para quem não enxerga, a beleza é um conceito bem auditivo. Uma voz bela, clara, uma boa dicção chamam atenção.

ZH – O que mais te chama atenção em uma pessoa?

Giselle –
 O sorriso e a voz.

ZH – A deficiência visual limita teu lazer, teu trabalho?

Giselle –
 Limita, mas não impede que eu trabalhe e me divirta. Estou solteira, mas já tive dois namorados, os dois enxergavam bem. Costumo correr, gosto de ir na academia, de ir a festas com música eletrônica. Adoro ir ao CTG, andar a cavalo.

ZH – Algum sonho teu foi impedido pela limitação visual?

Giselle –
 Sim. Eu gostaria de ser dentista e gostaria muito de dirigir, mas sei que não é possível. Entendo, mas muitas vezes fico chateada com isso. Principalmente em dias de chuva, quando as ruas, que são esburacadas, encharcam meus pés.

ZH – O que mais falta?

Giselle –
 Faltam avisos sonoros nas paradas e dentro dos coletivos. Consigo ver o ônibus chegar, mas não vejo o letreiro.





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